domingo, 29 de janeiro de 2012

VAYUS





A palavra Pranayama é composta de duas raízes: Prana e Ayama. Onde Prana significa energia vital ou força de vida ou ainda, aquilo que se encontra em constante movimento. O Prana está presente no ar, na água, nos alimentos... A natureza está impregnada de Prana, esta energia subtil, impalpável e invisível, mais leve e penetrante que o próprio ar. Então, Pranayama não é um mero exercício respiratório, mas utiliza a respiração para influenciar o fluxo de Prana nas Nadis (canais de energia), alterando o padrão normal de respiração, e assim, o estado mental, reduzindo a perturbação mental e minimizando as impurezas do organismo. E, Ayama significa expandir, estender prolongar.

As três principais Nadís que se destacam são: Sushumna, Ida (pólo negativo) e Pingala (pólo positivo). Partem da região do cóccix, e terminam no topo da cabeça. Sushumna corresponde ao sistema nervoso central. Está situada no centro do corpo e passa através da coluna vertebral, e que os espaços à esquerda e à direita, estão os Nadis Ida e Pingala. Ida corresponde ao sistema nervoso parassimpático. Conhecido como o canal lunar; localizado no hemisfério esquerdo do corpo, tem natureza feminina, representa a respiração pela narina esquerda. Ida é responsável pela restauração energética do cérebro. Pingala corresponde ao sistema nervoso simpático. Conhecido como canal solar; localizado no hemisfério direito do corpo, tem natureza masculina, representa a respiração pela narina direita.

As quatro práticas ao respirar:


Inspiração ou Inalação (Puraka) é a respiração completa sem esforço, lentamente.
Expiração ou Exalação (Rechaka) é a saída do ar impuro, na maioria das vezes, expelida pelo nariz, uniformemente, silenciosamente e suavente. Rechaka coloca para fora a energia individual para se unir com a energia cósmica, aquieta e silencia a mente. A retenção ou Kumbhaka desvia o intelecto dos órgãos dos sentidos e da acção, e conduz para o centro da consciência. Cria o silêncio entre o praticante e os planos físico, mental e espiritual. Pode ser de dois tipos: Antara Kumbhaka – retenção do ar nos pulmões; e Bahya Kumbhaka – retenção de pulmões vazios, após a exalação.

De acordo com a fisiologia do Yoga, a estrutura humana é composta de cinco corpos ou envolucros que englobam os diferentes aspectos ou dimensões da existência humana. Estes cinco corpos de experiência são conhecidos como: Annamaya Kosha, o corpo material ou feito de alimento; Manomaya Kosha, o corpo mental; Pranamaya Kosha, o corpo de energia; Vijnanamaya Kosha, o corpo psíquico ou de mente elevada; Anandamaya Kosha, o corpo transcendental ou de bem-aventurança. Estas cinco dimensões funcionam juntas e formam um todo integrado.

Este corpo de energia é composto de cinco Prana Vayus (ventos) principais:

Prana – função de absorção. Elemento fogo e ar. É a força vital centralizada no coração, peito e pulmões. É responsável por trazer a força da vida até o corpo, através da inalação, da comida e da bebida e também pelo funcionamento do coração e dos pulmões. Associado ao movimento ascendente de energia, com a inalação. Um desequilíbrio em Prana Vayu está associado com problemas de coração e pulmões; letargia; estresse; asma. Move a energia para cima. Quando há uma quantidade grande de Prana entre o coração e a base do pescoço, com a mente absorvendo um sentido de positividade, está ligado ao Chakra Anahata.


Apana – função excreção. Elemento terra. É a força vital de ação propulsora, desintegradora, expira o alento, expele os alimentos que não necessita. Localizada na região do ânus, tem polaridade negativa. Sua direção é descendente, e é pesado por natureza. Remove as impurezas do corpo. Relacionado com os intestinos, órgãos sexuais, pernas. Sua função manifesta-se no comando das atividades excretoras, urinárias, matérias fecais e na emissão de sêmen e fluidos menstruais. Governa a eliminação do dióxido de carbono pela expiração. No nível mais sutil, regula a eliminação das sensações negativas e experiências mentais e emocionais negativas. Move a energia para baixo. Com o Apana equilibrado traz um sentido de segurança e habilidade para seguir em frente, está ligado aos Chakras Muladhara e Swadhistana.


Samana – função digestiva. Elemento fogo. Como mantém o equilíbrio da digestão e da assimilação de nutrientes, Samana é o local sede de Agni, o fogo digestivo. Mas também possui um aspecto leve e refrescante, referente ao elemento água. Samana está centralizado na área abdominal. Sama significa equilíbrio, que neste caso, Samana equilibra Prana e Apana. Um desequilíbrio em Prana e Apana resulta em diminuição de fornecimento de nutrientes para o corpo e desequilíbrio nos órgãos digestivos, como o fígado, o estômago, o baço e o pâncreas. Movimento lateral inunda o abdomen e centraliza-se no plexo solar. Associado a energia de expansão. Com o Samana forte ocorre a clareza emocional está ligado ao Chakra Manipura.


Udana – função deglutição. Elemento ar. É a força vital centralizada na garganta e cabeça. Move-se no sentido horário. Permite o pensamento, a comunicação, o canto e a produção de sons. Está relacionada com o funcionamento dos sentidos, incluindo a audição, a visão e o olfato; também responsável pela deglutição dos alimentos. É visto como porta de entrada para estados mais elevados de consciência. Em desequilíbrio impossibilita a comunicação, dificulta estados mais elevados de consciência durante a meditação. Problemas na área da garganta como hipotireoidismo. Também problemas de visão, audição, paladar ou olfato. Com o Udana forte pode-se projetar e criar a palavra, ligado ao Chakra Vishuddha.


Vyana – função circulação. Elemento éter. Permeia todo o corpo. Associado ao sistema nervoso. Então sua grande função é circular e distribuir o alento. Vyana distribui a energia derivada da alimentação e da respiração para as artérias, veias e nervos, regulando o equilíbrio entre Prana e Apana. É responsável pela ação muscular das extremidades, governa todas as coordenações dos movimentos dos músculos e articulações através do corpo. O movimento é para dentro, em direção ao centro do corpo, na inalação; e para fora, em direção as extremidades, na exalação. Circula para todo o corpo ao longo dos nervos: é a vitalidade do sistema nervoso. Pelo seu sentido de integridade está ligado ao Chakra Sahasrara.


A chave para a saúde é manter o Prana trabalhando em harmonia. Quando o Prana fica desequilibrado, os outros tendem a perder seu equilíbrio também, porque eles estão ligados. Geralmente Prana e Udana equilibram Apana. Similarmente Vyana e Samana coordenam um ao outro em termos de expansão e contração.

Pode-se concluir que o Pranayama exerce um completo controle das funções dos pranas.

Swami Niranjanan Ananda Saraswati em seu livro – Prana Pranayama Prana Vidya. Explica:
Dos cinco pranas, os dois mais importantes são prana e apana.
Prana é uma força que se direciona ao interior, de ação ascendente, que se move do umbigo à garganta.
Apana é uma força que se direciona ao exterior, de acção descendente, que se move do umbigo ao ânus.
Tanto prana quanto apana se movem espontaneamente pelo corpo, podem ser controlados através de práticas de Yoga.

Nos Yoga Sutra de Patanjali fala dos três tipos de pranayamas: inspiração, expiração e retenção.
Esses são apenas estágios para despertar os três pranas, ou seja, são as três etapas da respiração:
Inspirar – prana
Expirar – apana
Retenção com ou sem ar – Samana

Sem comentários: