segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

MUDRAS II














O homem difere dos animais não só pela inteligência e capacidade de criação, mas também por ter mãos e a capacidade de fabricar coisas, demonstrar intenções, comunicar pensamentos e sentimentos.
A mente tem mais feixes de nervos ligados às mãos, do que a qualquer outra parte do corpo. As mãos podem ser usadas para abençoar ou para amaldiçoar, construir ou destruir, ferir ou curar. Depende do homem, depende da evolução de sua consciência.
A palavra sagrada "MUDRA" significa "SELO" em sânscrito.
O coração traz a energia, a cabeça decide o que fazer e como fazer e as mãos moldam e direcionam esta energia para o local de ação.
Tudo o que precisamos para sermos saudáveis e felizes está no nosso ser. A maioria destas soluções são encontradas nas nossas mãos (literalmente falando).
O ser humano pode manter uma boa saúde se praticar mudrás com regularidade, sinceridade e intenção.
Segundo Satyananda “mudras são um combinação de movimentos físicos sutis que alteram a disposição, atitude e percepção, e que aprofundam a atenção e concentração”. São também técnicas apontadas pelos Shastras como importantes para o despertar da Kundalini.
Os dez mudras descritos neste texto clássico são: mahamudra, mahabandha, mahavedha, khechari, uddiyana bandha, mula bandha, jalandhara bandha, viparita karani, vajroli mudra e shakti chalana.

Já segundo a Gheranda Samhita “existem vinte e cinco mudras, cuja prática dá sucesso aos yogis. Eles são: Mahamudra, nabhomudra, uddiyana, jalándhara, mulabandha, mahabandha, mahavedha, khechari, viparitakarani, yoni, vajroli, shaktichalana, tadagi, manduki, shambhavi, pañchadhárana, ashvini, pashini, kaki, matangi, e bhujangini.”
Uma das práticas de mudras citadas é o Maha bandha, o grande fecho, no qual uddiyana bandha, mula bandha e jalandhara bandha são feitos simultaneamente.
O Mula bandha é a contração dos esfíncteres do ânus e o períneo, puxando o assoalho pélvico para cima. Esta ação fortifica o assoalho pélvico, que é formado principalmente pelos músculos eretores do ânus e dos músculos coccígeos, permitindo à rede muscular resistir à pressão desenvolvida pelo empurrão de cima para baixo do diafragma, resultando em um aumento de pressão intra-abdominal estimulando a região sacra e pélvica.
A energia apana que está localizada na parte baixa do corpo é forçada para cima e alcança agni (fogo digestivo) no manipura chakra (chakra do plexo solar) e depois chega até o prana no anahata chakra (chakra do coração) provocando uma onda de calor que aquece todo o corpo. Este forte calor desperta o fogo interno do corpo e acorda a energia da kundalini e ajuda-a a penetrar o sushumna, o nadi (canal) central.

O Uddiyana bandha é a leve contração e suspensão do baixo ventre. Aqui o diafragma fica livre para fazer o seu movimento natural. Ao exalar contraia o abdômen, no final da exalação, o abdômen deve estar totalmente contraído, para cima e em direção à coluna. Com esta contração o diafragma levanta. A intenção é mover o umbigo na direção da espinha e os músculos retos e posteriores se contraírem. Na fase completa do uddiyana bandha todo o abdômen fica côncavo.
Este bandha eleva a energia. Quando os músculos abdominais são pressionados e levantados para cima e para baixo das costelas, o prana encaminha-se para as nadis, corrente de prana (energia vital) energizando-as fortemente, principalmente na área do manipura chakra, aumentando a temperatura do corpo, proporcionando o aumento do fogo digestivo, que remove as doenças dos órgãos abdominais.

Jalandhara bandha é a fixação do queixo em direção ao peito. A cabeça desce à frente, o pescoço se alonga e o queixo encontra a base da garganta. É necessário que o queixo esteja para baixo e a coluna ereta. A prática desse bandha regula o fluxo de ar e prana na região do coração e ativa os canais de ida e pingala, de forma que o prana seja dirigido para a sushumna nadi.
Tem o efeito de desobstruir as passagens nasais e regula o fluxo de sangue e de energia sutil para o coração, cabeça e glândulas endócrinas no pescoço (tireóide e paratireóide). Estimula o anahata chakra encaminhando a sua energia para a sushumna nadi, evitando que a mesma se disperse voltando para baixo. Ajuda a controlar as forças vitais e acorda a kundalini.












Mahamudra
Está descrito no Gheranda Samhita da seguinte forma: “pressione firmemente o ânus contra o calcanhar esquerdo, estenda o pé direito, segure os dedos com as mãos, contraia a garganta e olhe para o ponto ao meio das sobrancelhas. Inspirando repetidamente, encha-se de ar.” Pode ser mantida por cerca de oito respirações e deve ser feita com a outra perna também.















Jnana Mudra
Une o dedo polegar com o indicador e é muito utilizado para a prática de pranayama e meditação, pois fecha um circuito eletromagnético no corpo sutil do praticante, impedindo que a energia se disperse durante a prática. Estimula a respiração e a irrigação sangüínea no cérebro, aumenta as capacidades intelectuais e a memória e facilita a concentração no ajna chakra (chakra do terceiro olho). A percepção consciente do fechamento deste circuito energético leva à interiorização com mais facilidade.






Anjali Mudra
Une as palmas das mãos e significa uma reverência ou saudação. Na Índia, quando as mãos são colocadas na altura do peito o gesto equivale ao nosso aperto de mão. Para saudar os deuses as mãos são postas acima da cabeça e para saudar o mestre são posicionadas à frente da testa. Segundo o professor Anderson Allegro, o anjali mudra une os 18 chakras que temos em cada mão, fechando um circuito importante de energia.








Shiva Mudra
A mão direita aberta em concha repousa sobre a mão esquerda. É muito utilizado para prática de meditação. É um gesto receptivo que induz ao relaxamento. Segundo Ingrid Ramm-Bonwitt “Buda assumiu esse gesto quando se sentou sob uma figueira e mergulhou em meditação profunda”.

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